"Um
de meus primeiros mentores me disse: “Nunca confunda uma circular
com a realidade”. Como jovem ingênuo de 22 anos, eu supunha que o
pessoal de meu escritório compartilharia as informações de modo
aberto e transparente a fim de atingir o objetivo comum da companhia.
Precisei de várias semanas para encarar a realidade — não é
possível eliminar a política das interações humanas.
Trabalhei
em 13 empresas distintas, em quatro continentes, e em todas elas
havia uma grande diferença entre o que diziam as regras do
“como deve ser feito” e do que era realmente feito. Na verdade,
esse problema ocorre não só nas companhias mas também
entre casais, famílias, times esportivos, pais e escolas etc. Há
um desafio de entendimento quase em todos os âmbitos que requerem
ação coordenada.
Por
que é tão difícil a comunicação? O fato é que nós
julgamos a nós mesmos por nossas intenções, enquanto os outros
nos julgam por nossas ações. Quando eu dou algum conselho a um
colega, mesmo que a intenção seja facilitar seu trabalho,
ele reage com irritação, pois considera que estou criticando
seu jeito de fazer.
Essa
é a essência do que é difícil na comunicação: nós
vemos as ações e ouvimos as palavras do outro. O empresário que
chega 8 minutos atrasado a uma reunião e depois proclama a
importância “de respeitar os colegas” se mostra incoerente. Sua
ação diz muito mais do que suas palavras.
Quando
um líder de uma empresa me pede ajuda para a comunicação de sua
liderança, eu me concentro em suas atitudes. Sua agenda demonstra
que ele realmente leva em conta as pessoas que diz ser importantes?
Se não for assim, primeiro devemos resolver isso.
Uma
comunicação de confiança tem menos a ver com “quanto você
diz” e mais a ver com “quanto você ouve”. Não é a
quantidade de informação que cria a confiança corporativa, mas,
sim, quanto a organização sente que as pessoas estão ouvindo e
atendendo o que está sendo comunicado.
Nós
acreditamos em pessoas reais, não em atores. Confiamos no
indivíduo quando suas ações são coerentes com as palavras que
diz. Nenhuma circular consegue esconder uma realidade que não
aparece como mensagem por direito próprio. Como disse Mahatma
Gandhi uma vez: “Minha vida é a minha mensagem”."
Fonte:
http://exame.abril.com.br/revista-voce-rh/edicoes/37/noticias/quer-se-comunicar-melhor-aprenda-a-ouvir
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